sábado, outubro 29, 2005

Irmãos de carne e choro

















Penso como seria um dia não ter pele pra sentir
Não ter no rosto olhos a me contar como tudo está
Penso como seria a falta de pés pra chegar ao lá
E sem mãos para outras mãos encontrar o nó
Penso em poder ter aquilo que quero pegar
Mas sei, nem tudo está naquilo que posso ter.
Penso que tudo que sou esta mais fora do que dentro
Porque dentro é alma e fora é humano
Alma continua, viaja, retorna e não morre.
Humano erra, pede desculpa e sofre.
Por isso digo, sou o que está por fora
Pode ser mentira, mas é a minha verdade.
O que forem querer os doutores dizer
Deixo que digam, mas me deixem ser.
Deixe-me ser o que quero
Só espero liberdade
Só desejo ter a mim e poder me servir
Sem tolerar o olhar torto de quem me vê de lado
Se pertenço a alguém, esse está aqui.
Não me venha querer fugir
Me esconder ou murmurar
Sou o que vê e digo o instante que penso
Sou da terra não sou do céu
Nunca fui anjo e sempre fui carne
Não sou da maldade e não tenho preço
Mas sei como é fácil se perder
Quando você sabe que apenas não sabe
Volto ao ponto e lhe digo sou real e humano
Por isso perdôo e chega de pranto.

Foto por Cacá Lima

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