segunda-feira, agosto 11, 2008

Crayon




Quero abrir meu compasso
Esquadro com vista para o mar
Escala para um novo abraço
Daqueles que formam par

Já vejo com distancia infinita
Aquilo que hoje é folha maldita
Entre rascunhos de dor e cansaço
De um retilíneo e desbotado traço

Uma historia de caligrafia torta
Descrita com mãos de aço
Sem despedida e sem abraço
Com capa dura de alma morta.

Mas antes uma borracha bem vinda
Naquilo que dizia linha já escrita
Hoje ando a procura de cor de tinta
Para um novo desenho de vida.

Foto por Roberto Cicchine

terça-feira, agosto 05, 2008

...em outra vida


Amanhã não estarei mais neste corpo
Ainda sim rezarei para que venhas
E aos meus pés lagrimas não detenhas
Ao descobrir que dessa vida somos um sopro.

Diante da minha gelada presença
Não despertarei nem com seu grito
Darás conta que me transformei em mito
Uma assombração que ainda em ti pensa.

Estarei presente em teu sono doce
Não em forma de carne e sim de espectro
Sofrendo por ter chegado tão perto
E nunca ter lhe dado o que trouxe.

Passarão anos e em teu peito me tornarei sombra
Chegando de leve sobre teu sonho lhe verei nua
Tortura de me fazer sentir ainda mais a falta tua
Guardada em meu coração que só por ti tomba.

Foto por Filipe Arruda