quinta-feira, outubro 13, 2005

O cão e o diabo









Com os pés nesse asfalto negro
Derreto minhas mãos em continência
Na intenção de só sobreviver
Esquecerão de sonhar e de ser

Olhando minha alma pela segunda vez
Sinto não ter nada mais a oferecer
Há não ser o momento de me perder
Sou humano demais
Pra continuar viver assim

Se não acredito no seu Deus
A culpa cai sobre o homem
Que o matou para enriquecer
E agora se arrepende do que vê

Dói muito mais em mim
Eu que desde pequeno acreditei em tudo
Sinto agora todas as palavras amargas
Em algum lugar entre perdão e poder

Vejo tudo de bom cristalizar
As cores mais verdes
As promessas de infância
Tudo que o mundo derrotou

Ceder a sede do comum
Seguir a falsa promessa
E ter a recompensa em moedas
É muito pouco pra quem quer
Amar, sorrir e cantar
Sou humano demais
Pra continuar viver assim.

Foto por João Pico.

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