terça-feira, setembro 06, 2005

Pulseirinhas mágicas


São tantas as cores dessas pulseirinhas que já nem sei qual cor é pra qual caridade.
Nossa como me impressiona essa tamanha compaixão “pirata” pelo próximo, uma verdadeira hoste gigantesca de bons moços e boas moças marchando mar adentro pra se perder no horizonte das boas intenções. Como são humildes, como são benevolentes!

Como são cavilosos, com tanta bondade nos pulsos, mas em fila carregam um eclipse no coração. Presencio uma legião de pulserados em cenas de estupidez e falta de educação, regadas com uma soberba de causar estranheza até a um Neanderthal. Então afinal pra que servem essas pulseirinhas?

Continuamos os mesmos corsários, devastando portos e embarcações menores que se aproximam de nós, continuamos não respeitando ninguém, não ajudando ninguém, só a nós mesmos, com a eterna pose de fingir ser o que não somos.

Vamos vende-las em camelôs pelas 25´s espalhadas por todo lugar, falsificá-las antes de serem pensadas, preço barato compra qualquer intenção. Pra que pagar caro? Pra ajudar alguém? Se eu posso colorir meu braço quase biônico a pouco custo, afinal sou terceiro mundo, tenho o direito a ter uma alma miserável.

Há! Vamos vender! Vamos comprar, sendo originais ou verossímeis, chinesas ou nova-iorquinas! Vamos Criar coleções, cores diferentes para cada estação, badulaques customisados e penduricalhos assinados pelos bambambans fashionistas, mas tudo com muito glamour e versões falsificadas é claro. O importante é ser sempre quase original!

A moda da caridade e como a mente daqueles freqüentadores de intermináveis missas, que estão ali pra pagar seus pecados diários, diariamente repetidos e perdoados pela máquina religiosa.
Nossa maior invenção, depois da pirataria e da religião, é o modulo de isenção automática de nossas consciências. Será que tem um camelô aqui por perto?

Foto por Bruno Espadana

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