segunda-feira, maio 08, 2006















Hoje não amo e nem bebo, sou todo outono e inverno,
Sou triste pelo que invejo, meu fim é desconhecer.
Não há aqui poder que vença a densa parte escura de mim
Passeio por esse andar com meus passivos olhos
Contemplando a sentença em tudo que vejo.
Fora do conhecido, resto mais é estranho, é medo!
Tu mesmo és tua vida, não vá atrás da vida que não é sua!
Uma vez trilhado o chão antecipa-se a sombra abissal.
Pouco usamos do pouco que mal temos
Menos ainda somos do muito que escondemos.
Sou morte como a vida que vivo
Destino que não espera, estreita.
Leve-me daqui fumo que se ergue
Com assas tontas me carregue
Porque a ninguém e a nada
Importam meus desejos fotografados.
Não convenci esses lábios desde muito tempo já parados
Apenas os lembro, embalsamado e distante,
O sorriso com que me amavas.
Agora me despeço do meu corpo vivo e inútil
Tornando-me apenas nome do meu corpo carne
Já morto como alma, já feliz pelo dia,
Já dormidos os olhos vazios
Por não me ter mais como destino.

Foto por surpresa atrás da porta

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