quinta-feira, janeiro 24, 2008

Pois é


É tão claro o dia, mas em meu corpo é treva,
A culpa baixa nos meus ombros e seu peso me leva.

Vejo o que lhe dói bem lá no fundo
Porque também já me fizeram doer nesse mundo.

Por mim e por todos cai meu choro
Segue sinfonia de desespero em bravo coro.

Dor de primeira, mas não única despedida,
Trazendo deserto por onde anda a vida.

Dor de tudo, dor doente e amaldiçoada,
Consumindo o próprio sal da face inchada.

Dor do tempo que passou ignorado
Deixando a dor para um não amado.

Se não é o amor que nos liberta
Terá alguém uma resposta mais certa?

Será só ele mesmo que nos ilumina a face?
Só ele, mesmo de tão longe queremos que nos abrace.

Ao amor nada se explica nada se cala e nunca se basta
Sobre a terra desconheço algo de natureza tão casta.

E a prova é que para amar temos que estar vivendo
Tanto quanto para doer o que está doendo.

Foto por Manu Coloma

5 comentários:

Anônimo disse...

Nossa! Forte em dois versos,,, e sem cair em clichê,,, tarefa inegavelmente bem cumprida!
Bela reflexão! Belos versos!

Abraços e dueladas invenções!

pp1993 disse...

versos fortes, porém com uma sutileza inexplicável! MUITO BOM MESMO! adorei! :*

CONDE, Rafael disse...

Fortes mesmo, concordo.
gostei de ler estes textos, alguns me fizeram pensar muito.
se der pode me visitar também.
abraços e até mais.

Renato Ziggy disse...

Nossa, essa antíteses foi linda: "É tão claro o dia e meu corpo é treva." Lembrei-me de um "Acalanto" que escrevi na minha adolescência, em que dizia "Hpje eu preciso do meu silêncio e destruir as minhas tempestades." Às vezes quando me sinto treva, preciso do silêncio, do sossego, mas sei bem que "por detrás da porta" não há silêncio, sobretudo quando a causa da treva é o amor em tempestade. Todavia, sem dúvidas creio que o amor transforma e edifica. Interessantes teus versos! Abraço.

Renato Ziggy disse...

*antítese
*Hoje