quarta-feira, agosto 29, 2007

Pausa para não pensar


Vou escrevendo estas linhas como quem não se preocupa
Em preencher os espaços com as palavras e sentidos certos
Simplesmente escreverei assim o que me acontece
Feito gestos a apontar direção para alguém perdido.

Vou procurar dizer o que sinto sem pensar no que sinto
Descolando as palavras da razão e a mente das idéias
Queimando as pontes do pensamento para que não tenha saída
Tão somente eu preciso não saber que não sei.

Despir-me-ei do tanto que escolhi aprender
Acharei um modo de esquecer o que me ensinaram
Raspando o gelo com que cobriram meus sentidos
Serei eu sem capa e sem mascara apenas alguém que sente.

Assim continuo a escrever ora bem, ora mal,
Ora errando, ora acertando o que quero dizer,
Por vezes caindo, mas acreditando que posso continuar
Indo sempre pelo meu caminho feito um animal cego.

Sou um descobridor de mim e do mundo
Alguém ao encontro das sensações verdadeiras
Chegando ao destino desvendo o que realmente existe
E o que existe é não precisar aprender
Porque trago minha natureza a uma nova natureza
E o que levo para minha natureza é o meu próprio eu.

Foto por Renato Brandão

terça-feira, agosto 21, 2007

Gregório e Deus, o Diabo e a Mulher


Ah meu Senhor não venha dizeres
Que fui eu a errar e pecar
Se foste tu a criar estas mulheres
Que nos roubam o ar.

Quem sois vós para vir a mim
Chegar ante Deus e pedir
Para melhor vos ouvir.

Saibas que por ti pratico minha fé
Mas o que hei de fazer
Se por elas perco o chão do meu pé.

Se pecados tens a lhe pesar
Perdão é o que pedes
Para que possas descansar.

Não me entenda assim por mal
E nem se sintas ofendido
Porque pelo que faço
Jamais me sinto arrependido.

Ainda se faz de rogado
Atrevido ser desalmado
Saibas que pestes lançarei
Por seus caminhos sem lei.

Sua graça perseguirei, Redentor
Para libertar meu pecado confinado
Porque sei que és maior, Senhor
E por tudo serei por ti perdoado.

Não tenhas tanta certeza
Que vossa Alteza ira revogar
Pois Cristo queres enganar
E com o Diabo prefere se juntar.

Sei que missa inteira nunca ouvi
Exercitei taras por mulheres raras
Levei meus atos ao rumo dos pecados
Mas como não ser pagão tendo olhos então.

E lá se vão elas levando nosso sono
E lá se vão elas com andares profanos
Mulheres demônios
Homens mundanos.

Foto por Marta

terça-feira, agosto 07, 2007

João & Maria


O que se sabia
Era que João
Queria que Maria
O quisesse um dia
Ele apaixonado
Enquanto ela fingia
Foram tantas cartas
De infinitas poesias
E de Maria
Nenhuma resposta viria.

Um certo João
Uma errada Maria,

O que se sabia
Era que tudo
Acabaria um dia
E um novo amor
Ele veria
Suas cartas ela leria
Foi quando João
Cansou de querer
Queria Maria
Chorar o que perdia.

Um errado João
Uma certa Maria,

Essa historia
É só mais uma
Que se repetiria
Para provar que amor
Não se trata
Com mesquinharia
Supõe-se que Maria
Do amor pouco amava
Ou pouco entendia
Pois matar um amor
É estar ausente
Do presente
De quem ama.

Foto por Fernando Figueiredo