quarta-feira, dezembro 07, 2005

autópsia















Onde está você que se foi
E já não vejo mais em mim
O tempo levou e nem percebi
Quando não estavas mais aqui
Tão longe quanto as sombras
No meio das ondas a desmoronar.

Oh parte amarga de mim
Oh parte surda de mim
Não percebe mais a voz
Rangendo neste inicio de fim.

Mesmo assim procurei minha forma
A norma que um dia me guiou
E o hoje é passagem de ida
Entre caminhos fingidos
De vozes teimando em chamar
Por alguém que não está mais aqui.

Pois então onde está você
Onde está aquele que a voz persegue
Secou, ruiu as aparências visíveis.

Oh parte escondida de mim
Oh resto nefasto de mim
Só me fez capaz de ser
Memória esquecida de mim.

Afaste-se porque quero pisar com meus pés
Tudo aquilo que renunciei e enviei ao fogo
Não saberei quando me verei novamente
Não mais que contente me desfiz em um só partir.

Desfez-se então tudo que refletia em meus olhos
O resto que ali sobrou fez-se lagrima e ultima
Palavras já não entendo e vozes já não escuto
Dia após dia me desfaço inutilmente tentando me conservar.

Não precisarei mais falar e nem sentir
Porque tudo nunca esteve mesmo aqui
Só apaguei as máscaras e as fantasias
E nesse tempo conto o tempo perdido
Aprisionado no castelo da minha existência.

Foto por surpresa atrás da porta.

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