quinta-feira, maio 26, 2011

Saudade














Eu sinto, não minto meu bem
Saudade vem pra quem tem
Saudade assim
Parece que estás ao meu lado
Mas é só uma prece
Do amor visto de longe
Eu juro de pés juntos
Parece que te vi
Era só teu perfume aqui
O amor querendo estar perto
Eu sinto, não minto meu bem
Saudade vem pra quem tem
Saudade assim
De você e de mim.

domingo, agosto 09, 2009

Doentes e Imperfeitos




Não me preocupo com a métrica
E porque haveria eu me preocupar?
Se nem eu tenho duas mãos iguais.

Não quero perfeição, quero imaginação,
O caminho divino de ser o que for,
Olhar e comover-me, sorrir e alegrar-me.

Aos imperfeitos devo o que aprendi,
Aos doentes devo o que esqueci,
E a Deus agradeço os imperfeitos e doentes,

Porque assim posso seguir na vida ...
Natural como o levantar da folha ao vento
Em uma clara simplicidade de alma.

Foto por Alexandre Guerra

terça-feira, julho 28, 2009

Reconhecer


Hoje espero nuvens negras vindas do amanhã
Como se o meu amanhã não fosse minha escolha.
Sei que fui feliz e espontâneo com os que briguei e amei
Como uma criança antes de ser chamada de homem.
Fui sincero e leal a todas as minhas palavras
Como um cego que guarda nas mãos o que lê.
Minha tristeza é uma forma de sossego
Me faz respirar melhor e profundamente.
Quando sento e começo a escrever, não penso,
Sou uma nuvem negra passando a mão sobre o céu...

Foto por Alexandre Guerra

sexta-feira, maio 08, 2009

Cadê?


Por muito tempo levou minhas palavras
Eu me pergunto onde tudo foi parar?
Eu me pergunto onde estão aqueles dias?
E se fomos, onde estamos?
Eu sempre te dizia
Para não deixar o dia a dia
Amargar nossa alegria
Hoje se vê onde tudo está
Sem dinheiro e jóias
Sem amor pra repousar
Só me resta acreditar
Tem mais dor no porto que na vela
Há mais cor no preto que na aquarela
Somos menos perdão e mais despedida
De todas as dores a mais maldita
Pois é, cadê você? Cadê nós dois?

Foto por Vieirinha

quarta-feira, novembro 12, 2008


Treme tudo treme tudo
Meus ossos minha voz em prece
Minha lágrima por minha alma desce
Treme tudo treme no meu mundo

Quero ter a visita da sorte
Mas improvável como o acaso
Melhor dormir e engolir o fracasso
Sonhando um sonho sem corte

Dormindo na ilusão de amar
Finjo existir no sonho
Silabas de um coração a cantar
Músicas para se esquecer

E a vida enterra sobre a vida
A mágoa eterna de viver
Vendo a vida morrer
No sono sonhado da vida

Treme tudo treme tudo
Treme tudo tremo mudo
Durmo eu sem sonhar
Os sonhos que tenho.

Foto por Rodrigo de Sousa e Vasconcelos

sexta-feira, outubro 24, 2008

Irmão




E eu nem sei o quanto somos irmãos
Mas sei se pudéssemos ser seriamos mais
Desde criança até outra encarnação.
Lembro dos dias de bola, jogos antigos e televisão,
Dos sonhos, dos medos e de pegar na minha mão.
Das pranchas de isopor e dos patins no Zépellin,
Cabanas na cama e travesseiros mortais
Dos super-heróis e capas que não temos mais.
Somos ainda moleques de tantas historias
Guardadas na memória desses dois sempre irmãos.
É que deu vontade de te chamar, de correr e pular,
Pique esconde na rua e me esconder no seu lugar
Vem pra cá brincar me abraçar e começar tudo de novo.

- Tem pessoas pelas quais daria uma vida,
Por você eu daria duas. Te amo sempre.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Crayon




Quero abrir meu compasso
Esquadro com vista para o mar
Escala para um novo abraço
Daqueles que formam par

Já vejo com distancia infinita
Aquilo que hoje é folha maldita
Entre rascunhos de dor e cansaço
De um retilíneo e desbotado traço

Uma historia de caligrafia torta
Descrita com mãos de aço
Sem despedida e sem abraço
Com capa dura de alma morta.

Mas antes uma borracha bem vinda
Naquilo que dizia linha já escrita
Hoje ando a procura de cor de tinta
Para um novo desenho de vida.

Foto por Roberto Cicchine

terça-feira, agosto 05, 2008

...em outra vida


Amanhã não estarei mais neste corpo
Ainda sim rezarei para que venhas
E aos meus pés lagrimas não detenhas
Ao descobrir que dessa vida somos um sopro.

Diante da minha gelada presença
Não despertarei nem com seu grito
Darás conta que me transformei em mito
Uma assombração que ainda em ti pensa.

Estarei presente em teu sono doce
Não em forma de carne e sim de espectro
Sofrendo por ter chegado tão perto
E nunca ter lhe dado o que trouxe.

Passarão anos e em teu peito me tornarei sombra
Chegando de leve sobre teu sonho lhe verei nua
Tortura de me fazer sentir ainda mais a falta tua
Guardada em meu coração que só por ti tomba.

Foto por Filipe Arruda

segunda-feira, julho 28, 2008

Sem Tempo


O tempo seca tudo nesse mundo
Amor e beleza estão fadadas
Secam as tolas lagrimas
Das lembranças guardadas.

Esperarei em outro tempo
A esperança que não vejo
Trazer consigo o passado
E pelo vento meu desejo.

Não demore em encontrar
Nosso lugar mais que secreto
Peço-te pressa meu amor
Pois amanhã morro incompleto.

O tempo seca o que foi dito
Faz tudo ficar esquecido
Apareça enquanto a reconheço
E antes do tempo cobrar seu preço

Apresa-te amor, apresa-te.

Foto por Jea

segunda-feira, junho 30, 2008

O que se perdeu


Para onde foram minhas palavras
Elas que passavam por mim
Fogem de mim agora.

E não estar é estar de outro jeito.

Parece que perdi o olhar das coisas
Parece que sou outro que vaga
Pesa em mim o que não pesava.

Também é ser, deixar de ser assim.

Preciso voltar a entender
A ilusão mesmo que desbotada
E talvez a alma amanheça.

Quando perder, será também lembrar.

Caso alguém ache minhas palavras
Espero que nelas reconheça
A doçura de sofrer e o dom de amar.

Obrigado.

Foto por Gonçalves