sexta-feira, abril 27, 2007

A máquina e o homem


Pensei em acordar e viajar
Passar por esse tempo mesquinho
De homens e máquinas a produzir
Cascas humanas enferrujadas e amargas.

Se me lembro do meu tempo infante
Lembro de tudo mais leve, mesmo
Naqueles que barba e bigode escondia
Existia gesto e olhar assim, feito poesia.

E agora que brinquedo inventar
Para elevar ao sonho tantos inumanos?
Produzirá a tecnologia de hoje
Invento que possa o humor modificar?

Sinto, cada qual terá que o seu criar,
Não há fábrica ou Deus que o faça.
Aonde comprar, como pagar,
Por um brinquedo que não tem preço.

E chama-se simplesmente alegria!

Foto por Mariana Vasconcellos

sexta-feira, abril 20, 2007

Nos Trilhos


Nos olhos
Dos olhos
Cheios de vazio
Vaga o ardente,

Nos olhos
Dos olhos
O escuro
Engolindo luz,

Nos olhos
Dos olhos
A certeza
De pedra imóvel,

Nada dizem
Nada sentem
Tudo mentem
E assim tudo morre,

Sendo servos
Do amor
Que é
Cúmplice de Deus.

Foto por Paulo Fernando

quarta-feira, abril 11, 2007

A cada dia


Todos os dias eu te vejo
Salvo os que morro
Quando não me reconheço
Mas como te amo.

Amo mesmo você
Ou será engano?
Ilusão de ser humano
Por pernas, seios e ombro.

Amo tão forte
Feito dor de corte
E quando me desfaz
Um menino chora.

Quando rindo, dançando,
Miro teus falsos passos
Ante o tropeço, antes a queda,
Corro, te alcanço, te protejo.

Amor de cavalheiro
De um século e meio
De durar o ter e querer
De ir até o fim de mim.

E se segue o amor,
O que compreender?
Somos o numero perfeito
Um resultado de dois.

De um amor tão disparado
Que sempre chega primeiro
Antes do orgulho e desanimo
Ou da má noticia do carteiro.

Não sei quanto me custa
Manter esse sentimento
Nunca me fiz pergunta
Sobre algo que desconheço.

Apenas lembro me deixar invadir
Por dois olhos certeiros
Por um coração cheio
E um colo vazio.

Amo a mesma, você,
Amo o mesmo amor
Que se reinventa
Só para me fazer...
Continuar te amando.

Foto por Bruno Miranda

segunda-feira, abril 02, 2007

Conversa de dois cegos (Resposta)


Eu já fui um pouco melhor...
Mas continuo melancólico e imaturo...
Uma folha, bem verde...
Que teima em não amarelar e cair.

Acabei de ler, me arrepiei,
Senti meu rosto e meu corpo esquentar.
Sentimento diferente ver o que está presente
Somente no meu canto se transportar.
É como se alguém tivesse me tirado a roupa.

-Obrigado por suas palavras, pelo carinho de sempre.

-Tem um banquinho pra você no meu coração.

-Então só pra ser diferente, no meu tem uma arvore,
Com sombra e recosto, com vento leve e fresco.

Acabei de reler mais uma vez...
Meus olhos estão salgados...

...E mais uma vez, muito obrigado.


::resposta as doces palavras da grande amiga Aline,
escritas no blog de sete cabeças::

Foto por Mariana Maltoni