quarta-feira, maio 31, 2006
Eu te amo
Vem meu amor espantar o meu só
Vem me contar historias de nós
Vem colocar meu coração a balançar
Dar a paz que ninguém mais trás
Você é minha na minha ilusão
Uma canção que fiz pra tentar sorrir
Pela noite inteira vou cantar
E refazer seu caminho até mim
Desde o pequeno instante
Desde o encontro aonde
Em plena luz do dia
O mundo se deu conta
De nossas juras imortais
Sou um tolo capaz de perguntar
O que a vida vai fazer de mim
Da dor não sou mais refém
E me entreguei enfim por bem
Será que percebes o que a ti confiei
Será que me tens como a ti me doei.
Foto por Bruno Miranda
quinta-feira, maio 18, 2006
Maldição
Pelas flores que montei
Fotografei o seu sorriso
Como prova de arquivo
Dos dias que pra mim faziam
Sentido
Aqui presente em minha mão
No contra luz da minha solidão
Eu revejo em pedaços
O meu passado
Congelado
Como ponte do acaso
Perdida indo de lado a lado
Depois de tudo que criei e te dei
Acabou assim me deixando
Abandonado
Só sei que por fim
Por ti me apaixonei
E se isso é maldição
Não sei,
Talvez!
Foto por Marcelo Botelho
quinta-feira, maio 11, 2006
Ainda não sei (mais uma vez)
É de saudade que se faz
Meu sorriso tão atrás
É de esperança que se faz
Meu coração querer-te mais
Dorme sombrio meu alivio
Esperando meus olhos castanhos
Transformarem o distante em alcance
E o barco tornar pro mar
Como quem diz me acalma
Minha alma tão distraída
Apesar da avenida
Ninguém vai passar
Vou seguindo só
Na dança do samba
É só tristeza sem par
É de não saber que se faz
Meu silêncio pontual
É de esconder que se fez
Lágrima mais uma vez.
Foto por Manu Coloma
terça-feira, maio 09, 2006
Convite
Você não percebe
Essa gente lá fora
Ou eu é que estou fora de moda
Eles enxergam diferente
Se contentam em ver
Só o que passa na frente
Na minha idade
Pouco se cabe
Mas queria entender
Como pensam as pessoas
Que mais me parecem maquinas
Todas programadas
Em fazer sem saber
Aqui onde tudo é bonito ou feio
Onde todos se perdem no meio
Do desrespeito pelo defeito
De não serem todos iguais
Ai meu deus mostre a eles como se vê
Se foi você que criou
Transforme o homem
Em algo com mais amor
Dizem ser o que tem
Não querem viver além
Do que seus olhos podem comprar
Do que suas mãos podem atirar
Quero ser salvo do alvo
Me mande um convite
Pra visitar o céu.
Foto por José da Silva Pinto
segunda-feira, maio 08, 2006
Hoje não amo e nem bebo, sou todo outono e inverno,
Sou triste pelo que invejo, meu fim é desconhecer.
Não há aqui poder que vença a densa parte escura de mim
Passeio por esse andar com meus passivos olhos
Contemplando a sentença em tudo que vejo.
Fora do conhecido, resto mais é estranho, é medo!
Tu mesmo és tua vida, não vá atrás da vida que não é sua!
Uma vez trilhado o chão antecipa-se a sombra abissal.
Pouco usamos do pouco que mal temos
Menos ainda somos do muito que escondemos.
Sou morte como a vida que vivo
Destino que não espera, estreita.
Leve-me daqui fumo que se ergue
Com assas tontas me carregue
Porque a ninguém e a nada
Importam meus desejos fotografados.
Não convenci esses lábios desde muito tempo já parados
Apenas os lembro, embalsamado e distante,
O sorriso com que me amavas.
Agora me despeço do meu corpo vivo e inútil
Tornando-me apenas nome do meu corpo carne
Já morto como alma, já feliz pelo dia,
Já dormidos os olhos vazios
Por não me ter mais como destino.
Foto por surpresa atrás da porta
quinta-feira, maio 04, 2006
Quarta-feira
Acabou o carnaval
E com ele meu sorriso
Trago uma tristeza comigo
Um amor de pierrô e colombina
Dessa minha sina fiz um samba
Corda bamba de vida mal vivida
Entre confete e serpentina
Decorei minha avenida
Cheia de pesares
E vazia de altares
Virei refém da cadência
E da ciência fiz razão
Queria mesmo é saber
Porque fiquei só na multidão
De pierrô a palhaço
Feito mágica em vara de condão.
Foto por Jomar
terça-feira, maio 02, 2006
Menina
En la ventana
Sem mostrar arrependimento
Caiu seco do mais alto piso
Se foi até a luz não mais alcançá-lo
Fazendo do chão cama e cobertor.
Foi aquele que a mão não toca o ombro
Mais um esquecido de deus e dos humanos.
Fazendo gemer segredo aos ventos
Chega de longe o som da dança
Ruidosas rodas correm ao tempo fim.
Daquela altura deixou o guiar à sorte
Das leis do universo sempre descuidado.
Do pensamento era escravo
Sempre solitário e curvo
Caminhava como sentisse dor
Mas sempre sorria quando recebia
Boa noite, boa tarde ou bom dia.
Eu parvo o vi envelhecendo
Sem nunca ter lhe oferecido alento
Dessa janela sem vista observo e creio
É sempre breve o tempo da mais longa vida.
Foto por Mariana Maltoni
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